Sim! hoje é dia de falarmos sobre ceia de natal! Faltando 6 dias para esse momento tão esperado, a frequência com a qual se fala sobre essas delicias se torna mais recorrente e, inesperadamente, tenho me deparado com tanta coisa absurda que está impossível não falar sobre, é muita gente repetindo o que escuta, sem nem ao menos processar o que acabou de ouvir, muito misticismo em cima de coisas que não se pesquisam e, o pior de tudo (ao meu ver), muita gente querendo colocar regra onde elas não existem.
Segundo a literatura, a ceia de natal surgiu de um costume comum entre os cristãos europeus em deixar as portas das casas abertas para receber viajantes e peregrinos na noite de natal e, juntas, todas as famílias confraternizavam e repartiam o significado desta data, o que tornou tal caridade uma tradição.
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Ceia de natal, achei no Google. |
Antes da invenção da geladeira um dos modos mais tradicionais e práticos de conservar alimentos, principalmente para poder consumi-los nas entressafras, era a desidratação, que consiste em retirar parte da água da composição desse alimento e substituí-la internamente por algo que não catalisasse o perecimento desse alimento, em alimentos salgados (como carnes) era comum o uso do sal e exposição ao sol (nós, amantes de carne de sol, agradecemos por isso) e entre os alimentos doces, como frutas, era comum o uso de açucares e caldas (quem gosta de frutas cristalizadas, desidratas -ou secas-, ou em calda, geleias e compotas, deve agradecer a essa galera também).
Tendo em vista que o natal/ solstício de inverno/ inúmeras outras comemorações ocorre durante o inverno europeu, logo, uma época de entressafra, o acesso a alimentos era escasso e difícil, desse modo o consumo de sobremesas e pratos doces, ou agridoces, com uso de frutas cristalizadas se tornou comum e disseminado em terras tupiniquins com a vinda dos europeus, vale salientar que o panetone, alimento tão tradicional dessa época é originário do nordeste italiano, da região de Milão, com datação estimada apenas em torno do século XIV / XV.
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Panetone, achei no Google. |
Assim como as frutas cristalizadas, o uso de nozes e outros alimentos de difícil consumo e preparo se faziam necessários, uma vez que a demanda de alimentos em comemoração às farturas aumenta durante as festividades, maaaaaaaas tratam-se de práticas e costumes antiquados, que eram necessários para o andamento e demandas da época e de terras distantes.
Como uma sociedade que sofreu enorme influencia da sociedade europeia, o Brasil importou muitos dos costumes, datas, comemorações e, obviamente, culinária, porém tradição, costume ou algo do tipo não significa obrigatoriedade. Se você e sua família gostam de uva passa, coloquem, mas não chegue pra dizer que a ceia de outra pessoa não é ceia apenas por ela não colocar esse elemento na ceia dela, nem insistir em alegar que as pessoas tem a obrigatoriedade de consumir nozes e pratos agridoces, pare de ser fiscal da ceia alheia, cuida em fazer uma que agrade a sua família e as pessoas com quem for compartilhá-la, apesar de em tempos de pandemia não ser recomendado receber ou ver muita gente não é mesmo?!
Observando e puxando pela memória percebo que em ceias brasileiras alguns elementos tem mais presença e são muito marcantes, como uma ave (peru, chester, frango...), uma salada (geralmente de legumes cozidos e maionese), farofa, arroz e alguma sobremesa, mas, muito mais importante que tudo isso, desejo, de coração, que esteja presente junto a mesa de todos muita união, fartura e prosperidade, que a memória e o real sentido de confraternizar estejam vivos e sejam benéficos, independente do que ou de quanto se tenha para a ceia.
É isso que temos para hoje, pensem, planejem e preparem ou, pelo menos, ajudem a preparar uma ótima ceia para todos que vão saboreá-la e lembre-se "Comer, comeeer... Comer, comeeer... É o melhor para poder crescer!" (mesmo que pros lados).
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